Podemos empreender dentro da empresa?
Para aqueles que trabalham em uma empresa e não pensam em montar seu próprio negócio, chamamos de Empreendedor Corporativo ou Intra-empreendedorismo.
A ideia é que esse profissional também empreenda, mas dentro do próprio negócio, para isso é necessário ter algumas qualidades importante, a mesma que um Líder apresenta.
Envio um artigo do Prof. Marcos Hashimoto, sobre empreender dentro da empresa.
Boa leitura e fiquem com DEUS.
Seja um empreendedor dentro do seu emprego
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Há duas
semanas tive a grata satisfação de assistir a uma palestra do americano Gifford
Pinchot III, criador do termo intrapreneur, ou intra-empreendedor, durante a
cerimônia de premiação do I Ranking Nacional de Empreendedorismo Corporativo,
em São Paulo, promovido pela Revista Exame e pelo IBIE (Instituto Brasileiro de
Intra-empreendedorismo). Relato abaixo algumas dicas que ele deu para aqueles
que querem se tornar empreendedores dentro das empresas:
- Idéias são como insetos. Muitas nascem, mas poucas
crescem. Nenhuma, no entanto, pode ser descartada logo de cara. Não existem más
idéias, o que existe são idéias que não foram amadurecidas o suficiente. Se
alguém não gostar da sua idéia, pode ser porque: a) Ele não a entendeu, nesse
caso você precisa se comunicar melhor e isso requer preparação e planejamento;
b) Não é o momento certo, você pode estar queimando uma boa idéia porque se
antecipou em apresentá-la; c) Você não demonstrou que ela é viável, aí você
precisa aprimorá-la, melhorá-la, estruturá-la, amarrar todas as pontas soltas.
Se o seu chefe fizer uma pergunta sobre sua idéia e você não tiver resposta é
porque existem pontas soltas que tiram a credibilidade da sua viabilidade.
- Cultive uma boa reputação. Pinchot diz que os
investidores acreditam mais na capacidade do empreendedor do que na idéia em
si. Para eles é melhor investir num empreendedor classe A com uma idéia classe
B do que num empreendedor classe B com uma idéia classe A. Para isso, é
importante que as pessoas confiem em você, que você tenha um histórico
profissional com muitas realizações e bons exemplos, que você demonstre as
competências para iniciar o empreendimento sugerido, que você demonstre
auto-confiança, entusiasmo, determinação e comprometimento com a idéia proposta.
- Assuma a responsabilidade. A alta administração não
quer que as pessoas simplesmente gerem idéias. Eles querem empreendedores
completos, ou seja, que possam transformar uma boa idéia em realidade. O
empreendedor interno precisa, assim, ser capaz de tocar projetos, constituir e
liderar equipes, colocar a mão na massa, gerar resultados, criar valor, gerar
protótipos e testar o novo produto, vender e ensinar a vender.
- Trabalhe na clandestinidade. Muitas culturas corporativas são restritivas com relação a iniciativas de funcionários. Se este for o caso da sua empresa, procure trabalhar escondido no seu projeto. Trabalhe depois do expediente, assuma que a dedicação de tempo pessoal representa uma forma de investimento seu no projeto. Não deixe que as pessoas saibam o que você está fazendo até que tenha algo apropriado para mostrar. O argumento de venda é mais eficaz quando se apresenta alguma coisa palpável. Pinchot diz: É mais fácil pedir desculpas do que permissão.
- Descubra formas de transpor as
barreiras burocráticas. A burocracia é a causa da morte da maioria dos projetos
empreendedores na organização. Existem várias formas de lidar com ela: Uma
delas é usar as relações pessoais para agilizar os trâmites burocráticos,
possuir uma boa rede de relacionamentos, tanto interna como externa à empresa,
sempre ajuda a tirar algumas pedras do caminho; outra forma é conquistar o
apoio de um diretor e usá-lo para apadrinhar o projeto, tirando proveito de
sua influência para fazer as coisas acontecerem.
- Não espere dinheiro como
recompensa. Se
você espera apenas ficar rico com suas idéias vai se frustrar com o
empreendedorismo, tanto interno como o externo. Mas se você for movido por
realizações, desafios, projeção de imagem, reconhecimento público ou outras
formas de compensação, então prossiga. Empreendedores com visão exclusivamente
mercenária não são mais bem vistos em nenhum lugar. As pessoas precisam
enxergar o empreendedorismo corporativo mais como uma via alternativa de
carreira do que necessariamente uma fonte de remuneração adicional. Se o
dinheiro vier, ótimo, mas outros fatores de motivação intrínseca devem
mobilizar o funcionário a empreender. Pinchot cita uma declaração de Art Fry, o
inventor do célebre bloquinho Post it quando indagado dos motivos pelos quais
não abria sua própria empresa: Eu tenho dinheiro o suficiente para mim, e aqui
dentro (na 3M), os engenheiros me procuram, tenho acesso a informações e
recursos e as portas estão sempre abertas. Porque sair?
- Vá trabalhar todo dia com o
espírito de quem será demitido. Pinchot enfatiza a necessidade de se arriscar
também. O ambiente interno da empresa dá mais segurança para correr alguns
riscos calculados do que o ambiente externo ao qual o empreendedor tradicional
está sujeito. Dentro da empresa, as pessoas já são conhecidas, você mantém o
seu salário, pode usar uma parte da estrutura da empresa, assim como o capital
- se seu projeto for aprovado. Nada disso, no entanto, dá garantias de que seu
projeto será um sucesso, ou, se fracassar, que seu emprego será mantido. A
empresa poderá assumir o risco financeiro sobre sua idéia, ou não. Mas você
estará sempre colocando sua reputação e seu cargo em jogo. Esteja preparado
para o pior.
Marcos
Hashimoto é professor na ESPM (Escola Superior de Propaganda e
Marketing), Consultor e Palestrante, doutor em Administração de Empresas pela
EAESP/FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio
Vargas), e pesquisador do
Mestrado Profissional da Faccamp autor de
vários livros sobre empreendedorismo. Seu site pessoal é
www.marcoshashimoto.com.