Assumi
recentemente a coordenação da empresa Júnior de Administração da UNISAL
Americana, realizaremos um treinamento sobre o conceito de negócio da empresa
Júnior (claro usaremos CANVAS), mas ao separar o material para o encontro,
pensei que seria muito bom os alunos lerem um trecho do livro A Quinta Disciplina
de Peter Senge, digitei e posto aqui no blog.
Grifei
apenas algumas palavras no texto, mas caso gostem e queiram, podemos grifar e
discutir um pouco mais.
Sei que parece longo o texto, mas somente vale a pena aos líderes do futuro.
Boa leitura.
Trecho retirado do livro A Quinta Disciplina – Peter Senge.
Página 557 a 563
A próxima
geração de líderes
Agora também
acredito que muitos dos líderes mais importantes das próximas décadas não vão
ser aqueles que pensávamos que seriam. Uma nova ordem de coisas precisa vir à
tona por maio de uma nova ordem de líderes. Não é surpresa que, onde quer que
encontremos um novo sistema de administração começando a criar raízes, vemos
líderes surgindo da periferia – pessoas que não têm origem nos centros
tradicionais de poder, mas das periferias demográfica, econômicas e cultural: as mulheres, os pobres e os
jovens.
Mulheres
liderando como mulheres
O percentual
de mulheres em diversas posições de liderança tem aumentado há várias décadas. Mas,
em geral, a primeira ou segunda geração de mulheres em altas posições teve de “se
comportar mais como homens do que os próprios homens”, de maneira que provasse
que eram “verdadeiras líderes” pelos critérios masculinos que ainda dominam. Por
outro lado, nas palavras da pesquisadora Joyce Fletcher, mulheres liderando “como
mulheres” normalmente são rotuladas de “pessoas que jogam para o bem da equipe”
ou, pior ainda” de “boazinhas”, que são implacáveis na hora de decidir as promoções.
Fletcher argumenta que, quando as mulheres lideram da maneira que lhes é mais natural
na maioria das organizações, elas deixam de ser o foco de atenção dos seus
colegas e seus modelos de liderança masculina.
Nesse aspecto,
um dos projetos mais interessantes desenvolvidos pelo Consórcio de
Sustentabilidade da SoL foi a iniciativa “Mulheres Liderando a Sustentabilidade”.
A gênese do projeto foi a descoberta de que um número desproporcional das
iniciativas de maior impacto da nossa rede foi instigado por líderes femininas,
como Darcy Winslow, da Nike; Barbara Stocking, da Osxfam; Brigitte Tantawy-Monsou,
da Unilever; e Dorothy Berry e Mikejo Nishimizu, do Banco Mundial. Isso levou à
pergunta óbvia: “O que existe na sensibilidade feminina que fez com que elas
passassem à frente na questão da sustentabilidade e o que existe na maneira de
elas liderarem que as tornou eficientes?”
Muitas
respostas a essas perguntas já estão implícitas nos capítulos anteriores (do
livro A quinta disciplina). Barbara Stocking se descreveu como uma “administradora
orientada para o desenvolvimento” e disse que as mulheres não têm tempo para a
politicagem corporativa e as intriguinhas. Elas tendem a ser menos ambiciosas
sobre o seu avanço pessoal e mais ambiciosas “sobre o próprio negócio”, ela
acrescenta. Quando Ilean Galloway percebeu, na pós graduação, que, como uma
negra, “não conseguiria um cargo na chefia de (uma) organização”, ela se propôs
a descobrir o poder distintivo de ser uma líder de rede interna, numa organização
orientada para a rede – sua credibilidade vem do seu conhecimento e da sua
integridade, não da sua posição.
Também
fica claro que as mulheres gravitam em torno de assuntos de longo prazo, como
sustentabilidade, que ficam fora da alça de mira da maioria dos negócios, e
abordam esses temas com postura de colaboração e descoberta, em vez de soluções
e planos. Por exemplo, Simone Amber, antes uma das principais administradoras
financeiras da empresa global de serviços petrolíferos Schlumberger, agora
coordena uma iniciativa educacional baseada na internet (Schlumberger
Excellence in Educational Development, ou SEED) onde militam cerca de 1.500
voluntários da Schlumberger que são mentores de mais de 200.000 crianças em 35
países em desenvolvimento. Como uma mulher conseguiu fazer isso sem um mandato
formal e (inicialmente) sem orçamento? Conectando-se com o núcleo dos valores
da empresa e seu tradicional compr4omisso com as comunidades em que ela fazia
negócios e explorando o desejo das pessoas de estar mais diretamente envolvidas
na vida das crianças. O site de primeiríssima linha da SEED (nos sete idiomas
mais falado do mundo) é impressionante, mas o que faz o projeto ter êxito é a
extraordinária rede de voluntários. “Existe boa vontade potencial e inexplorado
nas empresas, que podemos ajudar a se manifestar evitando a politicagem e a competição
interna em favor do coração das pessoas”, declara ela.
Líderes
da periferia econômica
Inúmeros
líderes da periferia econômica estão aplicando os mesmos princípios e métodos
de aprendizado adotados por seus correspondentes no mundo das organizações estabelecidas.
Trazendo a visão e ouvindo profundamente esses cenários de pés no chão, esses
líderes comunitários catalisam forças para mudanças sistêmicas às quais as organizações
maiores não têm acesso. “A essência da minha habilidade de servir como líder”, diz
Sayra Pinto, da Roca, “consiste em que as pessoas sabem que sou igual a elas,
que já passei pela mesma estrada que elas, sofri os medos que elas sofreram, e
que sei o quanto elas realmente são inteligentes e capazes.”
O
líder comunitário que, provavelmente, conheço há mais tempo é Mwalimu Musheshe,
que deu início ao projeto Uganda Rural Development and Training (URDT) no
início dos anos 1980, com a ideia de usar os princípios e práticas de
aprendizagem para estimular o desenvolvimento rural. Trabalhando naquela que então
era uma das partes mais pobres de Uganda, Musheshe e seus companheiros
ensinaram às pessoas como formular suas visões e como construir visões compartilhadas,
como reconhecer modelos mentais que os atrapalhavam e como resolver os
conflitos de opinião ouvindo uns aos outros e como pensar em suas aldeias como
sistemas. Eles combinaram tudo isso com projetos práticos no solo, como cavar
melhores poços e construir celeiros mais seguros. “O mais importante era ajudar
as pessoas a afastar a sensação hereditária de fatalidade”, conta Musheshe. “A
atitude de que não podíamos fazer nada pelo nosso futuro foi, de fato, o nosso
maior obstáculo.” Hoje, a região em que eles concentraram esforços é uma das
mais prósperas regiões rurais do país, e a URDT está dando início à primeira
faculdade feminina de Uganda, de maneira que as mulheres tenham oportunidades
de liderança numa escala maior, já que sempre sofreram com a limitação de não ter
curso superior.
Ao explorar
e nutrir as lideranças locais, líderes como Pinto e Musheshe estabelecem a fundação
para um desenvolvimento duradouro, algo que muitos países ricos do hemisfério
Norte não conseguiram em suas tentativas de ajudar os países pobres. “O setor
de desenvolvimento ainda está muito preso a uma abordagem hierárquica e mecanicista
de larga escala, ao defrontar com os desafios da pobreza e do chamado
subdesenvolvimento”, escreve Marianne Knuth, fundadora da Aldeia Kufunda, um
site de demonstração e rede de aprendizado dedicado à agricultura sustentável
do Zimbábue. “Em nome do desenvolvem-no material, aldeias e comunidades têm de
adotara maneiras menos comunitárias de se relacionar umas com as outras. Em nome
do desenvolvimento, problemas são resolvidos para comunidades se apropriar da iniciativa
pelo desenvolvimento. (...) E acontece com frequência de muitas das iniciativas
de desenvolvimento de larga escala resolverem um problema no curto prazo, só
para ver o problema voltar anos depois (poços abandonados, sanitários quebrados
e bombas comunitárias que ninguém assumiu depois que interventores saíram”.”
É interessante
notar que Knuth não acredita que a Kufunda esteja realizando algo único. “Somos
apenas uma das muitas grandes experiências que estão sendo realizadas pelo
mundo, um crescente movimento de pessoas e organizações na educação, nos
negócios, no design e na arquitetura”, afirma ela, em busca de “uma investigação
conjunta sobre como podemos voltar a um tipo de trabalho que favoreça mais a
vida”.
Liderança Jovem
Cada vez
mais, a liderança necessária para a mudança sistêmica tem vindo dos jovens. Geralmente
ignorados como líderes, os adolescentes e os jovens adultos têm mais a ganhar
ou a perder com o futuro, talvez mais do que quaisquer outras pessoas. Também são os que estão menos
presos ao passado, o que lhes dá uma habilidade peculiar de ver as
falhas nos atuais modelos mentais e padrões institucionais e a coragem de criar algo novo.
Quando os jovens desenvolvem lideranças básicas e técnicas de aprendizagem em colaboração,
eles podem se tornar uma força formidável para a mudança.
Marianne
Knuth já é ativista há muito tempo. Deixou o Zimbábue aos 16 anos para
continuar seus estudos na Europa (o pai é dinamarquês). Dez anos depois, foi
cofundadora da “Pionners for Change”, a rede global de líderes jovens,
comprometidos, nas suas próprias palavras, “a serem eles mesmos, fazer o que
importa, começar já, colaborar com os outros e nunca parar de fazer perguntas.”
Nos últimos anos, conheci muitos desses jovens e fiquei profundamente comovido
com a maneira serena como eles são centrados, sua imaginação ao enfrentar
assuntos difíceis e suas realizações.
Recentemente,
eu me encontrei com membros da Pionners for Change numa grande conferência
sobre mudanças globais na Suécia. Os participantes eram, em sua maioria, altos
executivos de empresas e de governos, e especialistas proeminentes em diversos
assuntos globais. A meu pedido, os organizadores aceitaram montar uma sessão especial
em que os Pionners poderiam falar de suas abordagens em relação à liderança, na
mudança organizacional de larga escala – um diálogo que revelou muitas
diferenças interessantes entre os Pioneiros e os líderes mais experientes.
Primeiro,
os jovens viam a sua falta de conhecimento como um ativo. “Não sabemos muita coisa,
por isso é fácil perguntar um monte de coisas”, afirmou Christel Scholten, uma
cofundadora da rede de Pioneiros que foi fundamental na formação de um programa
de desenvolvimento sustentável no Banco ABN AMRO, um programa que hoje ela
chefia. O programa passou a existir depois que Scholten ficava constantemente
em abordar certas questões até que as pessoas percebessem que eram relevantes. Enquanto
corria a sessão, administradores mais experientes na conferência perceberam que
o seu conhecimento e as suas realizações passadas podiam até ser um impedimento
para liderar as mudanças. Certo administrador, bastante experiente percebeu que
não só o seu conhecimento podia tornar suas opiniões parciais, mas que “as
pessoas se relacionavam facilmente comigo baseadas nas expectativas de como eu
provavelmente encararia os problemas e, antes que eu soubesse, via-me
defendendo pontos de vista nos quais a minha opinião talvez nem fosse tão forte
assim. “Os jovens líderes, ao contrário, podiam continuar abertos e, com suas
perguntas genuínas, geralmente conseguiam obter entendimento e compromisso
compartilhado de um modo que os defensores mais enérgicos não conseguiam.
Em segundo
lugar, esses jovens líderes são incrivelmente conectados com o mundo. Quando se
veem em dificuldades, eles podem pedir ajuda a parceiros em Bangladesh, na
Índia, na África do Sul, nas Filipinas ou na Croácia. Ao estarem sempre
dividindo e ajudando uns aos outros, desenvolvem pontos de vista ecléticos dos
problemas e podem suscitar recursos surpreendentes para a mudança. Por exemplo,
quando Scholten estava passando dificuldades com o seu trabalho no banco, ela
conseguiu incentivo e ajuda de colegas pioneiros que trabalhavam no mercado financeiro
na Ásia e na Europa.
Por fim,
os jovens se esforçam para não serem rígidos em seus pontos de vista. Há muitos
anos, um grupo de Pioneiros fundou um Clube dos Hipócritas. “Funciona assim”,
conta Knuth, “sempre que nos encontramos, surge uma pequena competição. Cada um
de nós conta uma história sobre como abriu mãos dos nossos valores ou se vendeu
ou apenas se escondeu – para evitar conflitos ou aparar arestas, ou quando agimos
de um jeito mas na verdade pensamos de outro. Às vezes eram coisas que podiam
estar pesando na minha consciência. Outras eram coisas que eu nem havia
percebido na hora. Mas as histórias podem ser engraçadas e, à medida que vamos
avançando, estamos dando duro para mostrar que cada um de nós é tão hipócrita
quanto os outros. São noites muito divertidas.”
Fiquem com DEUS e até a próxima.